CARETADA
Típica expressão cultural originária das tradições dos povos africanos, a caretada é uma "mascarada". É a manifestação popular mais conhecida na localidade, um patrimônio imaterial.
Atuada especificamente em Paracatu, é uma das poucas manifestações culturais que sobrevivem na cidade sem auxílio oficial. Aproxima-se de outros folguedos, autos e cortejos praticados pelos negros em cultos e homenagens a santos padroeiros, como as congadas, os moçambiques, as marujadas e os catupés. Combina também elementos de procedência européia.
Durante 24 horas, sem interrupção, vestindo máscaras e roupas coloridas, os homens da família dos Amaros cantam e dançam a Caretada pelas ruas da comunidade e da cidade, e em frente à igreja dos negros. Louvam a virtude de São João - a alegria -, com cantos e danças, levando seu festejo a diversas casas de Paracatu. Importa dizer que esta característica religiosa da manifestação cultural é o que mantém viva e forte a fé dos Amaros para a reconquista de seu território.
A Caretada compõe-se de 6 passos com acompanhamentos rítmicos distintos e um "verso derradeiro", tocados por sanfona, pandeiro, violão e caixa ou tambor. São eles: Contradança, Batuquim, Cadeia Grande, Marimbondo ou Alinhavo, Passagem de lenço, Versos e a Marcha de São João (verso derradeiro).
Embora as músicas cantadas sejam religiosas, muitos refrãos da Caretada, até um passado recente, se referiam a fatos acontecidos, a eventos particulares deste grupo ou à história da cidade. Assim, também na Caretada, Paracatu é contada - à maneira e ao olhar dos Amaros.
Criada no bairro do Paracatuzinho - Paracatu (MG), há mais de 50 anos, pelos irmãos Honório e Benedito, esta manifestação cultural foi documentada pelo Instituto Fala Negra com o apoio da Fundação Cultural Palmares no ano de 2005 no Documentário Honrados Amaros Benditos.
CARETADA
Documentário
Honrados Amaros Benditos (2005)
Realização: Fala Negra e Fundação Cultural Palmares
Produtoras: Anaya e Cine Teatro Santo Antônio
Produção Executiva: Rosângela Carvalho
Direção: Tania Anaya
Assistência de direção: Cássio Pereira e Clarissa Campolina
Roteiro: Anna Flávia Dias Salles
Montagem: Clarissa Campolina
Diretor de fotografia e câmera: Paulo Henrique Rocha
Som direto: Fernando Cavalcanti
Locução: Ivan Pacca
Design Gráfico: Márcia Roth
Pinturas: Benedito Amaro
Fotos: Regina Santos